sexta-feira, 30 de abril de 2010

Teologia e Trabalho

Amanhã é feriado! Que droga! Feriado no sábado é o mesmo que dia útil ...

Deixando de lado a preguiça... Amanhã se comemora o Dia do Trabalhador (ou do Trabalho). Data comemorativa dos movimentos de trabalhadores em busca de justiça social, em uma época na qual se acreditava que "o trabalho enobrece", que trabalhar é a vocação do ser humano (por isso os movimentos feministas lutam pelo direito da mulher trabalhar e ser adequadamente remunerada, juntamente com o reconhecimento do trabalho doméstico como trabalho).

A teologia cristã tem uma relação ambígua com o trabalho. Por um lado, seguindo Paulo, se defende que cada pessoa tem de trabalhar, pois "quem não trabalha não tem direito de comer"; com base no Gênesis afirma-se que o trabalho é modelado no próprio Deus que trabalhou para criar o mundo (aqui o Judaísmo se diferenciava do pensamento greco-romano, para o qual o trabalho "braçal" era indigno dos cidadãos, devido apenas pelos escravos). Por outro lado, o trabalho está colocado debaixo de maldição desde a infame "Queda" de Adão e Eva - trabalho do homem com suor e canseira; trabalho de parto da mulher com dores e suores.

Hoje em dia as coisas estão diferentes. O "trabalho" já não recebe o mesmo valor "enobrecedor" de antigamente - tem mais valor o consumo, a criatividade, o empreendedorismo, o lazer. Mesmo assim, a economia capitalista gira ao redor de trabalho (assalariado ou não) e de seu doppelganger (duplo) o desemprego.

Nessas novas condições,como seria uma teologia cristã do trabalho? Alguns palpites: (1) o trabalho não é a vocação humana - trabalhamos para viver; não vivemos para trabalhar; (2) o descanso é a vocação humana, pois Deus abençoou o dia do descanso; só que descanso "cristão" é prática de solidariedade, de amizade, de amor, de companhia, fidelidade, e coisas afins que fazem da vida algo bom de ser vivido; (3) todo trabalho digno merece ser reconhecido, independentemente de sua classificação quantitativa pela economia capitalista - de fato, os trabalhos mais dignos tendem a ser os mais mal remunerados - enquanto os lazeres que se tornam em trabalho rendem fortunas; (4) trabalhos dignos são as atividades que tornam melhor a vida das pessoas e das sociedades - acréscimos qualitativos de saúde, moradia, alimentação, cultura, educação, bem-estar, autonomia, interdependência, ecologia ...

Você tem algum palpite para somar?

Um comentário:

  1. Prezado prof. Júlio,
    A Teologia do Trabalho pretende recuperar o trabalho, baseada na idéia do homem como artífice que, à imagem e semelhança de Deus, realiza uma obra criadora. Também ajudar a Igreja de Cristo a superar a visão belicosa, sofrida, mercantilista ou profana do trabalho. Ao mesmo tempo, prega uma nova consciência teológica social, no sentido de tornar o trabalho mais humano.
    A Teologia do Trabalho auxilia os cristãos a verem o ambiente de trabalho como um local de glorificação a Deus e de ministério cristão. Um espaço onde o ser humano obtém sua subsistência e auto-suficiência econômica. Um ambiente onde somos abençoados e nos tornamos uma bênção.

    Quer saber mais? visite o "Blog Movimento Fé e Trabalho" www.movimentofeetrabalho.blogspot.com
    Abraços fraternos,
    Roberto Marques

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