segunda-feira, 26 de abril de 2010

Fé e eleições - Governante não é Messias!

Uma das características da mentalidade política na cultura brasileira é a crença no papel messiânico dos governantes. Há vários estudos antropológicos, sociológicos e políticos que tratam do tema e mostram que esta é uma das heranças da matriz cultural cristã-portuguesa presente na formação da sociedade brasileira, que encontrou um terreno propício no contato (nada amistoso, é claro) da cultura portuguesa com as culturas dos povos indígenas que habitavam esta terra.
Presente até hoje nas tomadas de decisão de eleitores, o messianismo é uma crença mediante a qual se espera dos governantes que resolvam, de forma quase mágica, os problemas da nação (ou da parte da nação, no caso de eleições locais e reginais). O messianismo transforma as eleições em uma prática mais personalista do que política, de modo que são fatores da biografia do candidato(a) que têm mais peso na hora da decisão sobre o voto.
Entre outras razões, por causa do messianismo é que fiz um primeiro post sobre o tema afirmando que fé e eleições não têm nada a ver. O problema prático é que têm! A fé messiânica é muito mais decisiva na tomada de decisão do que a deliberação política propriamente dita. Essa fé messiânica, como um fator cultural, transpassa as religiões formais dos brasileiros e por isso afirmei que fé e eleições não têm nada a ver. Não é a "fé formal" que tem mais peso na hora de decidir, é a fé "cultural", trans-religiosa, supra-denominacional que tem o peso decisivo. É a fé cantada por Gil, "andar com fé eu vou, a fé não costuma falhar".
Infelizmente, a fé falha! Sem participação cidadã crítica e consciente governante nenhum resolve problemas de forma quase mágica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário