Outro eixo da espiritualidade cristã é o do discernimento. A pessoa desprendida, espiritual, segundo Paulo "discerne todas as coisas e não é discernida por ninguém" (I Co 2,15). No contexto da carta, Paulo está se referindo ao fato de que as pessoas que não conhecem a Cristo não conseguem enxergar a vida com os olhos messiânicos, apenas com os olhos carnais, sem a intermediação do Espírito Santo.
Discernir é a capacidade de entender criticamente a realidade. A pessoa espiritual desenvolve uma compreensão crítica da vida que é derivada da sua comunhão com o Messias Jesus. A gente aprende a ver a vida com os olhos de Jesus - ou seja, com olhos de compaixão, esperança, justiça, fidelidade.
Ser espiritual é viver o discernimento e, conseqüentemente, fazer teologia é um ato de espiritualidade. Discernimento leva a bons conceitos, boas idéias, bons textos e, principalmente, a boas obras.
Por isso, ser espiritual, hoje em dia, mais do que nunca, é andar na contramão, e nadar contra a corrente. Na sociedade de informação, quanto menos discernimento melhor. Mais a pessoa fica escravizada ao consumo e aos padrões consumistas de vida. Assim, só pessoa desprendida consegue discernir e só quem discerne consegue viver desprendidamente.
Círculo virtuoso!
Belo conjunto de texto sobre ser espiritual, mas muitas coisas escritas aplicam-se ao "ser espiritualizado" de um modo geral, sem as correntes do cristianismo. Poderia esse tripé ser aplicado por qualquer outra religião, ou no seu ponto de vista apenas pelos cristãos?
ResponderExcluirNão vejo por que não se aplicaria a outras religiões que tenham valores semelhantes aos do Cristianismo. Entretanto, esta descrição é baseada na experiência cristã e na Escritura. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Não era a minha intenção, mas seu comentário me fez ver que a inter-religiosidade está presente nos textos.
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