sexta-feira, 23 de abril de 2010

Fé e eleições - Votarei na candidata Marina Silva ...

Ei, o voto é "secreto". Nunca entendi direito essa frase. Como o voto pode ser secreto se ele tem a ver com a gestão pública? Ah! um cientista político logo iria me ensinar: "o voto é secreto para que o eleitor tenha liberdade e não seja obrigado a votar por motivos ilegítimos...". Bonito, mas não me convence.
É claro que existem formas de pressionar e obrigar pessoas a votarem neste ou naquele candidato - entre elas a coação com base na punição pós-voto.Por isso, ninguém precisa saber em quem eu votei.

Mas isto é diferente de dizer "voto é secreto". O voto é público e em uma democracia legítima ninguém precisaria ter medo de declarar publicamente sua opção eleitoral. Mas, o que torna legítima uma democracia? Será o "segredo" do voto? Ou a legitimidade da campanha? Será a falta de razões para votar neste ou naquele candidato, ou as boas razões para votar nesta ou naquela?

Votarei na senadora se ela for candidata. Por que ela é evangélica? Claro que não. Por que ela é mulher? Também não. Por que ela vem da periferia do Brasil? Também não. Por que ela foi oprimida? Não. Há milhares de pessoas que se encaixam nessas categorias e eu não votaria nelas por essas razões. A ministra Dilma é mulher, mas eu não votarei nela. Não votarei nela por outras razões e não pelo fato de ela ser mulher.

Voto não é em "pessoa física". Voto é em "pessoa política". Como pessoa política a senadora Marina Silva é, a meu ver, neste momento, a opção mais progressista, mais utópica, mais esperançosa. Votarei na senadora Marina Silva pelas mesmas razões que eu votei duas vezes no candidato Lula - por que a esperança vence o medo, por que um mundo melhor é possível, por que nada será como antes, amanhã. talvez você retruque, com alguma razão, "mas ela representa o novo exatamente por que é mulher, da periferia, evangélica ...". De novo eu responderia: "há milhares de pessoas que se encaixam nessas categorias, mas eu não votaria nelas". Mas é claro que eu reconheço a importância dessas categorizações, a importância da biografia dos candidatos e candidatas. Só que eu também sei que "gente boa" pode ser "político ruim". Ou você ainda pensa que "irmão vota em irmão, por que é irmão e é bão"?

Os demais candidatos, pelo menos até agora, representam "mais do mesmo". Em especial, a candidata Dilma, embora o "mesmo" que ela represente seja muito melhor do que o "mesmo" que outros representam. O Brasil precisa menos do mesmo e mais do novo. Mais educação, mais saúde pública, mais saneamento, mais moradias, mais proprietários de terras... Os oito anos lulistas foram um grande avanço e deixaram esta lição: "a esperança vence o medo, vence o mesmo".

A senadora irá ganhar? Se ganhar conseguirá governar? Já antecipo muitas das objeções, já estou com raiva das insinuações baseadas nas roupas da senadora, mas pelo menos não se poderá acusá-la de ser "um sapo barbudo". Provavelmente não ganhará. Se ganhasse, não tenho nenhuma garantia de que faria um bom governo (aliás, quem pode oferecer tal tipo de garantia?). E daí?

O voto é uma expressão de esperança. Esperança crítica, sim, mas não menos esperança!

2 comentários:

  1. Kharis kai eirene

    Diferente do prezado amigo, ainda não escolhi meu ou minha candidata, mas já pesquisei alguns e já sei os que não merecem o meu voto. Ainda estou aguardando os debates, as acusações, os dossies que são tão comuns nesses períodos. Mas confesso que minha tendência, inicialmente, é a Marina. Não por representar uma classe social, mas pela utopia que ela inspira, pela luta política a favor do meio ambiente.
    Ainda não apostei, mas estou disposto "a pagar 'prá' ver".

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  2. Olá Esdras,
    parece, então, que a Marina terá pelo menos dois votos de teólogos ...
    Abs

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