terça-feira, 11 de maio de 2010

A seleção do Dunga e a vida cristã

Não! Não vou explicar quem faltou, quem não deveria ter ido, etc. Quero aproveitar a entrevista do Dunga e a falação nacional sobre o tema para tratar de um texto bíblico: "Não sabeis que aqueles que correm no estádio, correm todos, mas um só ganha o prêmio? Correi, portanto, de maneira a consegui-lo. Os atletas se abstêm de tudo; eles, para ganharem uma coroa perecível; nós, porém, para ganharmos uma coroa imperecível..." (I Coríntios 9,24-27).

Pelo menos dois futebolistas se desconvocaram da seleção - Ronaldinho Gaúcho e Adriano (sem contar o Ronaldo Fenômeno, carta fora do baralho há mais tempo). Por quê? Por que deixaram de ser atletas, se ocuparam em "aproveitar a vida" inutilmente, se gastando em noitadas, baladas, bebidas, mulheres, etc. Uma visão muito frágil da vida, pseudo-hedonista, confundindo liberdade com falta de auto-controle, confundindo juventude com estupidez.

Na vida cristã e na vida, em geral, disciplina é fundamental. Não a disciplina militar, autoritária, mas o auto-controle que é fruto do Espírito na vida das pessoas (Gálatas 5,23). A sociedade consumista transmite uma mensagem estúpida para adolescentes e jovens: "divirtam-se", "aproveitem a vida", "aproveite enquanto é jovem"... Quem não tem domínio próprio, gasta a vida inteira na juventude e não aproveita nem a juventude nem a idade madura, nem a velhice.

Liberdade é autonomia, sim, mas principalmente, liberdade é o auto-domínio, é não se deixar aprisionar pelos próprios desejos (não importa se bons ou ruins), é ser criativo, viver de cabeça erguida em direção ao futuro que criamos livre e sabiamente. Liberdade é amar ao próximo como amamos a nós mesmos, pois assim não seremos dominados pelo próximo cuja demanda de amor pode ser opressora, nem seremos dominados por nós mesmos, pois nossas auto-demandas são aterradoras. Liberdade é ter um alvo sabiamente estabelecido, imanentemente transcendente, que nos desafia dia após dia à excelência,à auto-transcendência, à rejeição radical da mediocridde que paira em nosso dia-a-dia brasileiro contemporâneo.

Na cultura brasileira, a noção de disciplina é mal vista. Precisamos resgatá-la da idéia autoritária, moralizante, institucional de subserviência a algo, alguém, ou a alguma instituição. Por isso, não concordo com o apelo dunguiano e jorginhiano ao "patriotismo". Prefiro Caetano: "mas eu não tenho pátria, eu tenho mátria e quero frátria".

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