Quando a igreja se torna um bom negócio, ela pode manter o adjetivo "cristã", mas sua prática é pouco coerente com o adjetivo. Nos negócios, o que interessa é lucrar, fazer o outro perder, sem dó, sem solidariedade. Por isso, igrejas empresariais são monstrengos marqueteiros que reduzem o Evangelho de Jesus a um pacote de bens de consumo descartáveis. Só o que interessa é transformar fiéis em clientes e você sabe como é, clientes são apenas cifras para estatísticas e balanços, não existem enquanto pessoas.
Precisamos de compaixão e solidariedade para proclamar o Evangelho! Ao olhar para as pessoas e para as multidões de seus dias, Jesus as via como “ovelhas sem pastor” e demonstrava-lhes compaixão. A compaixão (solidariedade) era o motor de suas ações a favor das pessoas (v. Mt 9,36; 14,14; 15,32; 20,34; Mc 6,34; 8,2; Lc 7,13, etc.). Jesus demonstrava, através de seus atos, a compaixão de Deus pelos seus filhos e filhas escravizados ao pecado; demonstrava a solidariedade do Deus encarnado para com a humanidade pecadora (cf. Hb 2,14-17; 4,15-16). Para pregar o Evangelho não posso ver o “outro” como adversário – a evangelização não pode gerar inimigos, mas, sim, pessoas reconciliadas com Deus e, conseqüentemente conosco e com elas mesmas, amigos e amigas de Jesus Cristo (Jo 15,14-15).
Para pregarmos o Evangelho precisamos resistir à tendência desumanizadora e brutalizante de nossa sociedade; precisamos resistir à tentação de vivermos apenas em função de nós mesmos e de nossos interesses e desejos. Precisamos de solidariedade, compaixão: sentir o sofrimento do outro, como o nosso próprio sofrimento. Se somos amigos e amigas de Cristo, fazemos o que Ele manda. E o que Ele manda? “Eu vos escolhi para irdes produzir frutos e para que o vosso fruto permaneça ... O que eu vos ordeno é que vos ameis uns aos outros” (Jo 15,16-17). A Igreja existe para anunciar o Evangelho – essa é a grande comissão de Jesus (Mt 28,18-20 e paralelos), e esse é o poder do Espírito (At 1,8) – e se ela não o faz, deixa de ser povo de Deus, e se identifica com o mundo; torna-se sal sem sabor, não prestando para nada.
Jesus nos chama para que tenhamos compaixão de todas as pessoas; para que anunciemos o seu Evangelho, que é a boa notícia de que Deus pode mudar a vida das pessoas, para que de consumistas se tornem ativistas da paixão solidária. Mas para fazer isso, não dá pra ser igreja marqueteira, nem mega-igreja, nem igreja da prosperidade!
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