segunda-feira, 24 de maio de 2010

Bem & Mal - um dualismo teimosamente persistente

Lembro-me de filmes e seriados que assistia em minha infância - Zorro, Bonanza, National Kid, Túnel do Tempo (WOW, que desfile de velharias...). Assisto filmes e seriados ainda hoje em dia, tipo, NCIS, Criminal Minds, CSI, etc. O mesmo vale para novelas e seriados nacionais.

Um abismo tecnológico separa esses dois momentos da televisão. Entretanto, do ponto de vista da visão de mundo, quase tudo continua como dantes. O dualismo, ou maniqueísmo ético ainda me impressiona e me espanta. Sua persistência é teimosa, ou sua teimosia é persistente. Maniqueísmo que é reforçado pelos pseudo-jornalísticos programas "policiais" dos Datenas da vida.

Tudo é muito simples: no mundo há gente boa e gente ruim. Mocinhos e Bandidos. Mocinhas e Bandidas. Você se identifica com os(as) mocinhas(os) e demoniza as(os) bandidos(as). Fácil. Tudo se resolve num piscar de olhos. Bandidagem pra cadeia e, quem sabe, até uma penazinha de morte não seria bemvinda?

Infleizmente, galera (ainda se usa esta gíria?), as coisas não são bem assim. Bandidagem é uma característica de todos e de todas nós. Na linguagem do apóstolo Paulo, o "velho ser" continua vivinho em cada pessoa, dando suas cartas, jogando com o "novo ser", tensionando a nossa existência momento após momento. Na maioria das vezes conseguimos restringir a nossa própria bandidagem a limites socialmente aceitáveis. Muita gente, porém, gosta de ultrapassar limites, ou não tem sequer alternativa, a não ser ultrapassar os limites do socialmente aceitável.

Solução? Não tenho! Lição: aprendi que podemos viver sob essa permanente tensão reprimindo a nossa bandidagem com alguma eficácia, especialmente quando aceitamos nossa finitude e permitimos, pela fé, que Deus entre no jogo.

Advertência: Deus não é o gênio da lâmpda mágica de Aladim, nem o Eraser (do filme estrelado pelo grandioso e injustamente ainda não premiado pelo Oscar de melhor ator) Arnold Schwarzenegger. Deus não mata o(a) bandido(a) dentro de nós. Deus prefere energizar a(o) mocinha(o) e mandar um recadinho: "se vira"!

5 comentários:

  1. penso que um texto bíblico que retrata isso bem (além de dar um exemplo sobre a advertência feita ao final do post) é Mateus 26.47-56: "E, estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele, grande multidão com espadas e porretes, vinda da parte dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos do povo. E o traidor tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi. E beijou-o. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus e o prenderam. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então, Jesus disse-lhe: Mete no seu lugar a tua espada, porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia, agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça? Então, disse Jesus à multidão: Saístes, como para um salteador, com espadas e porretes, para me prender? Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo, e não me prendestes. Mas tudo isso aconteceu para que se cumpram as Escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram." ao mesmo tempo, parece que Jesus "se virou" muito bem (como diria um personagem da escolinha do prof. raimundo, "foi o que se pôde arranjar"?)...

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  2. o recadinho eu conheço bem...rs

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  3. E aí Ju, viu só como se consegue até uma justificativa teológica para um hábito paterno??!! rsrs

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  4. Kharis kai eirene

    Esse dualismo não apenas faz parte da existência, mas nalgumas vezes é um grande dilema ético, moral e espiritual para o cristão. Talvez seja o apóstolo Paulo, o discípulo que mais falou desse dualismo e conflito: vida e morte, carne e espírito, natural e espiritual.
    Resta-me apenas vociferar como ele: "talaiporos ego anthropos - miserável homem que sou".

    Esdras Bentho

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  5. Bota "miserável" nisso colega!

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