quarta-feira, 24 de março de 2010

Dimensão pública da teologia

Nos últimos anos, cada vez mais me convenço de que a teologia não pode ficar "fechada" nas igrejas e academias teológicas. Tem de ser aberta para a sociedade, para a cultura, para a vida cotidiana das pessoas. A Teologia da Libertação na América Latina era uma teologia desse tipo - aberta, pública. A Teologia da Missão Integral tem essa vocação, mas o peso do igrejismo evangélico ainda é muito forte, e vira e mexe, a TMI se deixa privatizar.
Agora, dito isto, deixem-me fazer uma qualificação. No Primeiro Mundo se criou a chamada "Teologia Pública". Por mais interessante que seja, quando falo da dimensão pública da teologia, não falo em Teologia Pública. A "Teologia Pública" trabalha enfaticamente a dimensão pública da teologia e suas expressões concretas são as mais variadas e ricas, em todos os continentes, inclusive aqui no Brasil. Só faço este comentário pra não ficarmos pensando que "Teologia Pública" é uma nova corrente teológica...
Se levarmos a sério a dimensão pública da teologia, esta deve dialogar com as grnades e não-tão-grandes questões da vida - preservação do meio-ambiente, violência, criminalidade, gênero, justiça, democracia, diálogo inter-religioso, aquecimento global, água, trânsito, lazer, prazer, mídia, ciência, tecnologia ...
Ufa! Já cansei. Talvez seja mais fácil voltar ao mundinho privatizado da teologia enlatada importada do tradicionalismo.
Que vc acha?

4 comentários:

  1. concordo plenamente com a afirmação de que a teologia precisa se publicizar, popularizar-se. essa é, inclusive, a proposta do meu blog - "teologia pública e popular", http://teologue.blogspot.com/ - resgatando, também, a dimensão poética da vida, como diria o padre fábio de melo.
    a teologia, sabemos, precisa afirmar-se como ciência, a fim de obter maior respeito e influência. mas, por outro lado, ela necessita muito mais ser acessível a todos, pois a teologia lida com a realidade, com o dia a dia das pessoas, com os problemas sociais e com as mazelas existenciais do ser humano.
    em última análise, todo mundo faz teologia, só que a maioria não sabe disso. abs. handall.

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  2. Caro Handall,
    Obrigado pela participação, você é bemvindo aqui neste espaço.
    Permita-me discordar de um ponto apenas de sua fala: não acredito que a teologia precise se afirmar como ciência. Pelo contrário, poenso que apenas na medida em que a teologia se afirmar como uma espécie de "contra-ciência" (não no sentido de negar as conclusões científicas, mas no de negar a primazia do modo científico de acesso ao conhecimento) é que ela obterá respeito devido e conseguirá influenciar o mundo acadêmico adequadamente. Escrevi um pequeno texto sobre isso, para um encontro de teologia pública da EST, que vou postar aqui no blog.
    Abs

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  3. Sabe-se que no âmbito acadêmido a teologia ainda está conquistando o seu lugar, e encontra portas abertas e grandes obstáculos pela frente. Contudo, tal avanço entre cardos e espinhos se mostra relevante na dimensão publica que a teologia deve transparecer. Por isso usa-se muito hoje o termo "publica" ou seja, a teologia é de todos e para todos

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  4. Caro Julio,
    Companheiro, num cansa não que esse blog tá muito bom e olha que essa é minha primeira visita. Por favor, não volte "ao mundinho privatizado da teologia enlatada importada do tradicionalismo". A teologia pública, ainda engatinhando por aqui, já começa a oxigenar nossos claustros fechados.
    saudações tricolores (do carioca)
    Ronaldo Cavalcante
    frater minor

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