Estive ausente do blog. Não estive doente, não desisti, nem morri. Só estava trabalhando para cumprir prazos e compromissos. Nestas últimas semanas finalizei três livros de ensaios, escrevi quatro "comunicações" acadêmicas para quatro eventos distintos em Vitória (dois deles) e em São Luís-MA (outros dois), e quase terminei um quarto livro ...
Quando eu recuperar o fôlego, blogarei de novo ...
abs
quinta-feira, 28 de abril de 2011
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Fé e Egoísmo
Tento, sempre que possível, prestar atenção a sermões de pastores(as) evangélicos(as). Na maior parte das vezes não é fácil, pois a oratória não é das mais atraentes e o conteúdo é bastante monótono. Mas, por dever de ofício, me esforço. Vou tentar resumir o que consegui captar ao longo do ano de 2010...
1. A fé é um meio individual de resolução de problemas. Seja qual for o “seu” problema, basta ter fé, que o mesmo desaparecerá. Se não desaparecer, é porque você não tem fé suficiente! Pregada, pensada e praticada desta maneira, a fé se torna um pobre e inadequado substituto para a razão. A racionalidade é a capacidade humana de resolver problemas, sejam de que tipo forem. Para alguns tipos, usamos a racionalidade científica; para outros, a racionalidade moral ou normativa; para outros, a racionalidade expressiva (que tem a ver com os afetos, ou com o que se convencionou chamar de inteligência emocional). A grande dificuldade para lidar com este conceito de fé nas igrejas cristãs é que ele parece ter base bíblica, do tipo “tudo o que pedires, crendo, recebereis”.
2. A fé é um meio individual de progresso econômico. Este é o conteúdo monótono de praticamente todos os sermões que ouvi e/ou li. Se você crer em Deus, sua vida financeira se tornará um paraíso. Se no primeiro caso o problema está na definição da fé, neste caso o problema está no objeto da fé. Esta fé se dirige a Deus, mas um deus com nome bem definido. Na Bíblia, por exemplo, o nome é Mamon (o deus-dinheiro); hoje em dia o nome pode ser Prosperidade; Fortuna; Sucesso, etc. O grande problema é que são ídolos e não deuses. Ídolos, conforme a velha definição do livro de Isaías: “o que é feito por mãos humanas”. No final das contas, então, a fé é fé no próprio ser humano, mas desvestida dos valores do humanismo.
3. Somando 1 + 2, temos a identificação da fé com o egoísmo. O egoísmo é a ideologia da supremacia do indivíduo, é outro nome para o individualismo. Fé egoísta é religião sem deus, ideologia sem humanismo, razão sem competência. Para enfrentar essa fé anti-cristã, temos de atuar em três frentes distintas: (a) denunciar insistentemente a traição ao Evangelho na pregação e no culto das igrejas ditas cristãs; (b) denunciar insistentemente a traição à democracia no modelo escolar capenga e incompetente que não nos permite crescer como pessoas racionalmente competentes; (c) denunciar insistentemente e impiedosamente o Mercado capitalista como o grande ídolo de nossos tempos, o assassino mais cruel que a humanidade já foi capaz de inventar. E só conseguiremos atuar nessas três frentes se deixarmos de ser individualistas, se deixarmos de ser resignados, se apostarmos que “outro mundo é possível” – qualquer que seja a nossa ideologia ou a nossa religião.
1. A fé é um meio individual de resolução de problemas. Seja qual for o “seu” problema, basta ter fé, que o mesmo desaparecerá. Se não desaparecer, é porque você não tem fé suficiente! Pregada, pensada e praticada desta maneira, a fé se torna um pobre e inadequado substituto para a razão. A racionalidade é a capacidade humana de resolver problemas, sejam de que tipo forem. Para alguns tipos, usamos a racionalidade científica; para outros, a racionalidade moral ou normativa; para outros, a racionalidade expressiva (que tem a ver com os afetos, ou com o que se convencionou chamar de inteligência emocional). A grande dificuldade para lidar com este conceito de fé nas igrejas cristãs é que ele parece ter base bíblica, do tipo “tudo o que pedires, crendo, recebereis”.
2. A fé é um meio individual de progresso econômico. Este é o conteúdo monótono de praticamente todos os sermões que ouvi e/ou li. Se você crer em Deus, sua vida financeira se tornará um paraíso. Se no primeiro caso o problema está na definição da fé, neste caso o problema está no objeto da fé. Esta fé se dirige a Deus, mas um deus com nome bem definido. Na Bíblia, por exemplo, o nome é Mamon (o deus-dinheiro); hoje em dia o nome pode ser Prosperidade; Fortuna; Sucesso, etc. O grande problema é que são ídolos e não deuses. Ídolos, conforme a velha definição do livro de Isaías: “o que é feito por mãos humanas”. No final das contas, então, a fé é fé no próprio ser humano, mas desvestida dos valores do humanismo.
3. Somando 1 + 2, temos a identificação da fé com o egoísmo. O egoísmo é a ideologia da supremacia do indivíduo, é outro nome para o individualismo. Fé egoísta é religião sem deus, ideologia sem humanismo, razão sem competência. Para enfrentar essa fé anti-cristã, temos de atuar em três frentes distintas: (a) denunciar insistentemente a traição ao Evangelho na pregação e no culto das igrejas ditas cristãs; (b) denunciar insistentemente a traição à democracia no modelo escolar capenga e incompetente que não nos permite crescer como pessoas racionalmente competentes; (c) denunciar insistentemente e impiedosamente o Mercado capitalista como o grande ídolo de nossos tempos, o assassino mais cruel que a humanidade já foi capaz de inventar. E só conseguiremos atuar nessas três frentes se deixarmos de ser individualistas, se deixarmos de ser resignados, se apostarmos que “outro mundo é possível” – qualquer que seja a nossa ideologia ou a nossa religião.
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